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Presidente dá ênfase à necessidade de dois assentos permanentes para África e apela à unidade do continenteNova Iorque, 22 de Setembro de 2025 — O Presidente da República de Angola, João Lourenço, reiterou, durante a 7.ª Cimeira do Comité de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, a urgência em reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), destacando que África precisa de assentos permanentes com direito a todas as prerrogativas, incluindo o veto.
“Um Conselho de Segurança que aborda África em cerca de 70% da sua agenda não pode continuar sem o continente como membro permanente”, sublinhou João Lourenço.
O Chefe de Estado deu ênfase à proposta que reflete a posição comum da União Africana, consagrada no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte:
Dois assentos permanentes para África, com todos os direitos e prerrogativas.
Cinco assentos não permanentes adicionais para o continente.
Uma composição mais justa, equitativa e inclusiva, capaz de refletir a realidade geopolítica atual.
“Não se trata apenas de uma reivindicação, mas da correção de uma injustiça histórica”, reforçou o Presidente.
Nos últimos meses, grandes potências também se têm pronunciado. Os Estados Unidos já declararam apoio à criação de dois assentos permanentes para África no CSNU, mas sem direito de veto — posição que diverge da exigência africana. Para Washington, a reforma faz parte de uma estratégia de aproximação ao continente, num contexto de crescente competição internacional por influência em África.
Apesar do apoio, muitos analistas recordam que o Conselho continua estruturado segundo uma ordem mundial saída da Segunda Guerra Mundial, que já não reflete os equilíbrios atuais.
A reivindicação africana sustenta-se em vários pontos:
África é frequentemente tema central das deliberações do CSNU (cerca de 70% da sua agenda).
O continente contribui ativamente para missões de paz e operações da ONU.
Representa uma das regiões com maior crescimento populacional e importância estratégica no comércio global.
Ainda assim, continua sem assento permanente, o que é visto como um défice de legitimidade do órgão.
João Lourenço reforçou que o sucesso desta causa depende da união continental:
“O apelo que deixo é à mobilização coletiva de todos os países africanos. Esta é uma causa que deve ser de todos nós.”
A posição firme do Presidente angolano confirma o papel de Angola como voz ativa da reforma multilateral e da defesa dos interesses africanos. Para a União Africana, a conquista de assentos permanentes significaria não apenas maior representatividade, mas também maior legitimidade nas decisões que afetam diretamente o continente.



