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Adis Abeba, 2 de Junho de 2025 Num gesto sem precedentes na história da filantropia moderna, o cofundador da Microsoft, Bill Gates, anunciou que irá doar 99% da sua fortuna pessoal para apoiar o desenvolvimento de África. A decisão foi revelada esta segunda-feira durante um discurso proferido na sede da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia.
A fortuna de Gates, estimada atualmente em mais de 200 mil milhões de dólares, será canalizada ao longo dos próximos 20 anos para financiar projectos nas áreas da saúde, educação, nutrição, agricultura e tecnologia no continente africano. A doação será feita por meio da Fundação Bill & Melinda Gates, que desde a sua criação em 2000 já aplicou mais de 100 mil milhões de dólares em iniciativas humanitárias em todo o mundo.
“Não quero ser lembrado como alguém que morreu rico. Quero ser recordado por ter usado a riqueza que tive a sorte de acumular para melhorar a vida de milhões de pessoas”, afirmou Gates perante uma audiência composta por líderes africanos, representantes da ONU e organizações não-governamentais.
De acordo com o plano apresentado, os recursos serão direcionados prioritariamente para a erradicação da malária, tuberculose e outras doenças endémicas; melhoria dos sistemas de saúde pública; combate à mortalidade infantil e materna; formação de professores e expansão do acesso à educação básica e superior.
Gates também sublinhou a importância da inovação tecnológica como ferramenta essencial para o progresso sustentável em África.
“A inteligência artificial, quando usada com responsabilidade, pode transformar radicalmente os sistemas de saúde, educação e agricultura. África tem uma oportunidade única de dar um salto em frente, e queremos apoiar esse processo”, disse.
O magnata norte-americano confirmou ainda que apenas 1% da sua fortuna será deixado em herança para os seus três filhos. A decisão segue o princípio que tem defendido há mais de uma década: os filhos dos ultra-ricos não devem herdar fortunas avultadas, mas sim ter as ferramentas e oportunidades para construírem os seus próprios caminhos.
Com esta decisão, a Fundação Bill & Melinda Gates passa a ter um horizonte definido para o fim das suas operações: o ano de 2045. O objectivo é garantir que todo o capital disponível seja investido ao longo das próximas duas décadas, em vez de perpetuar a existência da fundação indefinidamente.
A directora-geral da fundação, Susan Desmond-Hellmann, classificou o anúncio como “um momento histórico que vai redefinir os padrões de filantropia global” e destacou que a prioridade será trabalhar com organizações locais africanas para garantir o máximo impacto e respeito pelas realidades locais.
A comunidade internacional reagiu com entusiasmo ao anúncio. António Guterres, secretário-geral da ONU, declarou que “o compromisso de Bill Gates representa uma esperança renovada para milhões de pessoas em África e deverá servir de exemplo para outras grandes fortunas mundiais”.
O Presidente da União Africana, Moussa Faki Mahamat, agradeceu o gesto e apelou a uma nova era de cooperação global baseada em solidariedade, partilha de conhecimento e investimento de longo prazo.